O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quarta-feira (4) que o
aumento, de 25% para 50%, da sobretaxa sobre o aço e o alumínio importados
pelos Estados Unidos não afeta apenas o Brasil, mas impacta todo o mercado
internacional desses insumos.
"A medida que os Estados Unidos, o presidente [Donald
Trump] tomou ontem, aumentando o imposto de importação de 25% para 50%, não foi
só para o Brasil, foi para o mundo inteiro. Então, não é ruim para o Brasil, é
ruim para todo mundo, vai encarecer os produtos", observou Alckmin após
participar da inauguração do Parque Solar de Arinos (MG), na região do Entorno
do Distrito Federal.
Geraldo Alckmin lembrou que o Brasil é o segundo maior
comprador do carvão siderúrgico americano, que é semielaborado pela indústria
nacional e depois revendido aos EUA para que as companhias do país fabriquem
motores, automóveis, aeronaves. "É uma cadeia importante, então, eu
lamento, mas qual o caminho? O caminho é incentivar ainda mais o diálogo. Foi
criado um grupo de trabalho pelo lado do Brasil, formado pelo Ministério da
Indústria e pelo Ministério de Relações Exteriores. Pelo lado americano, o USTR
[Representante de Comércio dos EUA]", comentou o presidente em exercício.
O vice-presidente também ressaltou que o Brasil pratica
tarifa zero para oito dos dez principais produtos que os Estados Unidos
exportam para o país.
A nova sobretaxa sobre o aço e o alumínio, que agora atinge
50%, foi anunciada menos de três meses da imposição das primeiras tarifas,
então em 25%, sobre os mesmos produtos.
A taxação definida pelo governo dos EUA é uma forma de
protecionismo às siderúrgicas americanas, que passam a concorrer em vantagem
com produtos importados que chegarão mais caros aos Estados Unidos. Esta tem
sido a política comercial adotada pelo governo estadunidense desde o início do
segundo mandato de Donald Trump, sob alegação de forçar uma reindustrialização
do país.
Empresas brasileiras
Em nota, a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL)
manifestou preocupação com a nova sobretaxa e pediu ações amplas do governo
brasileiro para lidar com o novo cenário em que medidas protecionistas devem
conviver com agendas industriais mais coordenadas.
"É necessário um duplo movimento: por um lado, cautela
e calibração na adoção de medidas emergenciais de mitigação – como o
fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e ajustes tarifários para
coibir práticas desleais e desvios de comércio; por outro, visão estratégica
para reposicionar o Brasil na nova geografia da cadeia global do alumínio, com
base em suas vantagens competitivas estruturais", disse a entidade.
Já o Instituto Aço Brasil, que representa as empresas do
setor, afirmou em nota, divulgada na terça-feira (3), que é preciso manter
esforços para reconstruir o mecanismo de cotas que permite que quantidades
determinadas de aço entrem nos EUA sem tarifas comerciais. Segundo a entidade,
a taxação é um problema para a própria indústria norte-americana, que será
prejudicada.
"Mais uma vez, o Aço Brasil reforça que a retomada das
exportações de aço aos Estados Unidos nas condições vigentes até março atende
não somente o interesse da indústria de aço brasileira, mas também da indústria
de aço norte-americana. As usinas norte-americanas demandaram quase 6 milhões
de toneladas de placas de aço em 2024, das quais 3,4 milhões de toneladas
vieram do Brasil. O não reestabelecimento do acordo será prejudicial a ambos os
países, razão pela qual o Aço Brasil mantém sua confiança na continuidade do
diálogo entre os dois governos, de forma a retomar o fluxo de produtos de aço
para os Estados Unidos."