Cerca de 40 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço
são estimados para 2025 no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do
Câncer (Inca). O Brasil é um dos países do mundo com maior número de casos de
desse tipo de tumor. As regiões Sudeste com 20.470 novos casos e Nordeste com
10.070 novos diagnósticos lideram as estatísticas anuais da neoplasia, que tem
alta mortalidade no país. O Julho Verde é o mês dedicado a conscientização da
população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença.
Um dos principais desafios no combate ao câncer de cabeça e
pescoço é o diagnóstico precoce, uma vez que 80% dos casos são detectados
tardiamente”, afirma o oncologista Eduardo Moraes.
“O rastreio, a
detecção precoce e o tratamento adequado podem salvar vidas, uma que a doença
tem 90% de possibilidade de cura quando descoberta em fase inicial”,
explica o especialista.
De acordo com pesquisa realizada pelo INCA e publicada na
revista científica internacional The Lancet Regional Health Americas, de cada
dez casos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil, oito são diagnosticados em
estágio avançado. A doença atinge, principalmente, a boca (céu da boca, língua
e gengiva), a faringe (garganta), a laringe (cordas vocais), os seios da face,
a cavidade nasal ou a glândula tireoide. Nas mulheres, o tumor mais frequente
na região é o de tireoide e, nos homens, o câncer de boca, laringe e faringe.
“A informação é uma
grande aliada para prevenção da doença, que é considerada evitável, por isso o
Julho Verde busca conscientizar a população sobre a importância de conhecer os
fatores de risco e adotar hábitos saudáveis”, afirma o oncologista Daniel
Brito.
Fatores de risco
As infecções por HPV, o tabagismo e o consumo excessivo de
bebidas alcoólicas estão entre os principais fatores de risco para o surgimento
da doença. Fumantes têm cinco vezes mais chance de desenvolver a doença. “Esse risco multiplica por dez vezes, se
além de fumar, o indivíduo consumir álcool”, explica a oncologista Larissa
Moura.
“É importante chamar a
atenção também para a infecção pelo HPV (Papilomavírus Humano), transmitido via
sexo oral sem proteção, que tem sido um dos principais responsáveis pelo câncer
das amígdalas”, adverte Eduardo Moraes.
Outros fatores como má higiene bucal, fatores genéticos,
hábitos alimentares, traumas crônicos causados por próteses dentárias mal
adaptadas e a exposição excessiva ao sol sem proteção labial também podem
desencadear tumores de cabeça e pescoço.
Sinais de alerta
Alteração na voz ou rouquidão, dificuldade para engolir,
sangramento na boca ou pelo nariz, dor de garganta, perda de peso, ferida na
boca que não cicatriza, aumento dos gânglios linfáticos ou nódulos no pescoço e
mau hálito. Todos esses sintomas, quando duram mais de 15 dias, podem ser um
sinal de alerta para o câncer de cabeça e pescoço. “Muitas vezes alguns sinais, como rouquidão, são confundidos com
problemas comuns, como viroses, e isso leva a atrasos na busca por ajuda
médica”, explica Larissa Moura.
“Ter um ou mais desses
sintomas não representa o diagnóstico de um câncer, mas o quadro requer que
seja feita uma investigação imediata”, acrescenta Eduardo Moraes.
“Ao perceber qualquer
sintoma persistente, é fundamental que a pessoa vá ao médico o quanto antes”,
reforça Daniel Brito. Mais de 90% dos tumores pequenos e localizados são
curáveis.
Prevenção: hábitos e
vacinação
Não fumar, usar protetor solar, fazer visitas regulares ao
dentista, evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, usar preservativo
nas relações sexuais, cuidar da higiene bucal e ter uma alimentação rica em
frutas e verduras são hábitos importantes para reduzir os riscos de
desenvolvimento da doença.
Além da adoção de hábitos saudáveis, a vacina HPV também é
uma medida preventiva contra o câncer de cabeça e pescoço. Ela é recomendada
para meninos e meninas dos 9 aos 14 anos e adultos até os 45 anos com condições
médicas especiais, tais como transplantados, pacientes oncológicos, portadores
de HIV e vítimas de violência sexual, sendo disponível gratuitamente no SUS.
“A vacina HPV é uma
aliada importante para prevenção”, finaliza Eduardo Moraes.