Outubro Rosa: diagnóstico de câncer de mama aumenta risco de depressão em mulheres

 O Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, acende um alerta que vai além da prevenção e do diagnóstico precoce: a saúde mental das mulheres que enfrentam a doença. Os impactos emocionais do câncer podem ser tão desafiadores quanto os físicos, comprometendo a qualidade de vida e até a adesão ao tratamento. Dados da Comissão de Estudos e Pesquisa da Saúde Mental da Mulher, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), revelam que uma em cada quatro mulheres diagnosticadas com câncer de mama apresenta maior vulnerabilidade para desenvolver quadros depressivos.

O percurso do tratamento, marcado por mudanças físicas como a queda de cabelo, alterações na pele e no peso, somado às adaptações na rotina — afastamento do trabalho e restrições no convívio social —, pode desencadear sentimentos de angústia, baixa autoestima e isolamento. Diante desse cenário, o acompanhamento psicológico torna-se um pilar fundamental em todas as fases, do diagnóstico ao pós-tratamento.

“Receber um diagnóstico de câncer é sempre um susto, para a pessoa e para a família”, explica a psicóloga Carolina Ackerman Sousa.

“Pode gerar muitos conflitos internos com o impacto da notícia, algumas chegam a negar a situação, até mesmo pelo medo de um tratamento que não sabe exatamente como funciona. Algumas mulheres podem desenvolver ansiedade, depressão, insônia... Pode haver perda de libido, o que pode impactar nos relacionamentos”, destaca.

A especialista reforça que o cuidado com as questões emocionais e psicológicas é essencial para facilitar a adesão ao tratamento e evitar que a paciente adie exames ou medicações. “Uma pessoa com o psicológico mais fortalecido tende a ter uma imunidade melhor. Os pensamentos positivos são de grande ajuda nesse momento, afinal, eles ativam reações neuroquímicas que trazem a sensação de bem-estar”, explica.

Carol também recomenda atividades que contribuam para o equilíbrio emocional durante o tratamento: “Uma dança, atividades que explorem a criatividade como um artesanato, musicoterapia, escrita criativa, yoga. E se for em grupo é maravilhoso para desenvolver novas amizades e trocas afetivas.”

A importância da rede de apoio



O apoio emocional de familiares e amigos é uma parte essencial no enfrentamento do câncer de mama, pontua a psicóloga. Mais do que palavras de incentivo, ela destaca que o verdadeiro suporte está no respeito e na escuta.

“Acima de tudo, respeito. Respeito pelo que é dito, pela dor, pelo silêncio. Nem sempre a pessoa vai se sentir disposta, afinal, o corpo muda devido ao tratamento. Então é importante acolher quando ela quiser conversar e estar presente nas pequenas ações do dia a dia”, orienta.

A psicóloga também chama atenção para o cuidado com quem cuida.

“A rede de apoio também precisa ser acolhida. O familiar pode se isolar ou se sentir sobrecarregado pela rotina de cuidados. Por isso, é importante que amigos ofereçam momentos de descontração e descanso, ajudando a aliviar o peso emocional desse processo”, conclui.

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