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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil |
O ex-presidente Jair
Bolsonaro negou nesta terça-feira (10) ter cogitado dar um golpe de Estado no
Brasil para impedir a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva. Durante depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente também disse que a medida seria
danosa para o Brasil.
O ex-presidente está sendo ouvido nesta tarde na
condição de réu da ação de uma trama golpista e foi confrontado com as
acusações de que teria planejado medidas inconstitucionais para tentar reverter
o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Bolsonaro afirmou
que a possibilidade de golpe de Estado nunca foi discutida em seu governo.
"Da minha parte, nunca se falou em golpe. Golpe é
abominável. O golpe até seria fácil começar. O afterday é imprevisível e danoso
para todo mundo. O Brasil não poderia passar por uma experiência dessa. Não foi
sequer cogitada essa hipótese de golpe no meu governo", afirmou.
O ex-presidente
presta depoimento na condição de réu da ação de uma trama golpista para tentar reverter o
resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro responde pelos crimes de golpe de Estado e
tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. É a primeira vez que
um ex-presidente eleito é colocado no banco dos réus por crimes contra a ordem
democrática estabelecida com a Constituição de 1988.
Ele também responde aos crimes de organização criminosa
armada, dano qualificado pelo emprego de violência e grave ameaça e
deterioração de patrimônio tombado. Se somadas, todas as penas superam os 30
anos de cadeia.
Minuta do golpe
Bolsonaro também negou ter feito uma minuta de golpe para
justificar a intervenção militar após as eleições de 2022.
Nesta segunda-feira (9), o ex-ajudante de ordens de
Bolsonaro, tenente-coronel Mauro
Cid, foi interrogado por Moraes na condição de delator e disse que
o ex-presidente presenciou a apresentação do documento golpista,
enxugou o texto original e propôs alterações para constar a possibilidade de
prisão de ministros.
"Não procede o enxugamento. As informações que eu tenho
é de que não tem cabeçalho nem o fecho [parte final]", comentou
O ex-presidente também reiterou que nunca tomou medidas
contra a Constituição.
"Da minha parte, eu sempre tive o lado da Constituição.
Refuto qualquer possibilidade de falar em minuta de golpe e uma minuta que não
esteja enquadrada na Constituição", completou.
O interrogatório de Bolsonaro deve prosseguir até as 20h.
Durante a oitiva, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e as defesas
dos demais acusados também poderão fazer perguntas ao ex-presidente.
O ex-presidente e mais sete réus fazem parte do núcleo 1 da
denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os
acusados pela trama golpista.