A morte de Preta Gil, cantora e atriz brasileira que faleceu
em 20 de julho de 2025, aos 50 anos, em decorrência de câncer colorretal,
chamou atenção para um alerta urgente: a doença, antes considerada perfilada
para pessoas mais velhas, tem atingido cada vez mais pessoas abaixo dos 50
anos.
“O testemunho da Preta nos mostra que muitas vidas podem
ser salvas se olharmos com mais atenção para esse tipo de câncer”, afirma o
Dr. Vitor Galvão, médico endoscopista intervencionista.
Segundo o Dr. Vitor, fatores como consumo excessivo de
álcool, tabagismo, alimentos ultraprocessados, sedentarismo e obesidade vêm
contribuindo para a alta incidência da doença entre os mais jovens. Ele destaca
também os sinais iniciais:
“Alterações no hábito intestinal — como prisão ou
diarreia —, perda de peso inexplicada e sangramento anal precisam ser encarados
com seriedade.”
Ele reforça que exames como colonoscopia e teste de sangue
oculto nas fezes conseguem detectar pólipos — lesões benignas com potencial de
evolução para câncer. E alerta:
“A partir dos 45 anos, toda pessoa deve procurar um
médico para iniciar a prevenção; quem tem história familiar deve antecipar esse
rastreamento para os 40 anos ou até 10 anos antes da idade em que o parente foi
diagnosticado.”
O Dr. Victor Galvão coordena o Centro de Hemorragia
Digestiva do Interior (CHDI), situado no Hospital Geral Clériston Andrade
(HGCA), em Feira de Santana. Ele traz dados que reforçam a importância da
prevenção:
“Neste ano, realizamos quase 700 colonoscopias, com uma
taxa de detecção de pólipos de aproximadamente 40%. Destes, cerca de 80% eram
adenomas — ou seja, lesões que poderiam evoluir para câncer — e que ao serem
retiradas evitam a progressão da doença.”
Segundo levantamento do próprio Hospital Geral Clériston
Andrade, esse índice reforça a urgência de ampliar o rastreamento da população,
inclusive entre adultos jovens.
Dados recentes também apontam tendência preocupante no
cenário nacional: um estudo publicado na Revista Brasileira de Cancerologia, do
Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2023, revelou que 19,6% dos casos de
câncer colorretal no Brasil ocorrem em pessoas com até 50 anos — sendo 4,7%
entre 31 e 40 anos e 12,5% entre 41 e 50 anos.
“Não podemos negligenciar os sintomas. A prevenção pré-primária
– com hábitos saudáveis – e a prevenção secundária – por meio de colonoscopia e
remoção de pólipos – são nossas melhores armas”, orienta o Dr. Vitor.