O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), referência em atendimento a vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) na Bahia, reforça o Dia Mundial de Prevenção ao AVC, celebrado em 29 de outubro, sobre a importância do reconhecimento precoce dos sinais da doença e da chegada rápida ao hospital. A unidade, que é centro de referência estadual para o tratamento de urgência e emergência neurológica, registrou 1.400 atendimentos a vítimas de AVC em 2024 e, até agosto deste ano, já ultrapassou a marca de 600 casos, entre isquêmicos e hemorrágicos.
De acordo com a neurologista Renata Nunes, coordenadora do
Serviço de Neurologia do HGCA, o desafio ainda está no tempo entre o início dos
sintomas e o atendimento hospitalar.
“O número de pacientes que consegue chegar nas primeiras
4h30 após o início dos sintomas ainda é menor do que o ideal. Nesse período,
conseguimos realizar a trombólise, um tratamento que pode reverter o quadro e
reduzir as sequelas. Em 2025, 67 pacientes chegaram dentro dessa janela e
puderam receber essa terapia com sucesso”, explicou a médica.
A especialista destaca que, embora a maior parte dos casos
ainda ocorra em pessoas com idade entre 65 e 75 anos, há um crescimento
preocupante de episódios em pacientes jovens, principalmente mulheres com menos
de 50 anos.
“O AVC não é uma doença apenas de idosos. Temos visto um
aumento expressivo em pessoas jovens, muitas vezes relacionado ao uso de
anticoncepcionais, tabagismo, estresse e hipertensão descontrolada”, alerta
Renata Nunes.
Um problema de saúde pública crescente
No Brasil, o AVC continua entre as principais causas de
morte e incapacidade. Dados do Ministério da Saúde e do Portal da Transparência
dos Cartórios de Registro Civil (2025) apontam que, somente em 2024, mais de 84
mil brasileiros morreram em decorrência da doença — o equivalente a uma morte a
cada sete minutos. O AVC isquêmico representa cerca de 85% dos casos, enquanto
o hemorrágico, embora menos frequente, é o mais letal.
Um estudo publicado pela Revista F&T (2025) mostra que a
faixa etária mais atingida concentra-se entre 70 e 79 anos, mas os casos em
pessoas com menos de 50 anos aumentaram 15% nos últimos anos. Fatores como
obesidade, sedentarismo, má alimentação e o consumo de álcool e cigarro têm
contribuído para o surgimento precoce da doença.
Prevenção e reconhecimento dos sinais
Para a neurologista, a informação ainda é a principal
ferramenta de prevenção. “Reconhecer os sinais é o primeiro passo para salvar
vidas. Fraqueza em um lado do corpo, dificuldade para falar, perda da visão e
desvio da boca são sintomas de alerta. Ao perceber qualquer um deles, é preciso
agir rápido e buscar imediatamente um hospital de referência”, reforça a
médica.
O HGCA é um dos principais centros públicos da Bahia a realizar o protocolo de trombólise e a contar com equipe neurológica de plantão 24 horas, oferecendo atendimento especializado a toda a macrorregião centro-leste do estado.
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